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APATIA E MELANCOLIA SUPERAM DIVERSÃO NAS REDES SOCIAIS DURANTE A COVID-19

PESQUISA REVELA QUE 59% DOS QUE NAVEGAM POR HOBBI SENTEM ALTERAÇÃO DE HUMOR. ÍNDICE É 25% MAIR DO QUE O VERIFICADO ENTRE OS QUE NÃO USAM WEB PARA RELACIONAMENTOS

 

Por Chananda Lipszyc Buss e Cecília Sizanoski Sanchez

Em pesquisa feita em março de 2021 (leia nesta página), por graduandos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), junto a com 273 entrevistados, constatou-se que 59% dos que utilizam redes sociais como uma forma de hobby afirmam se sentir melancólicos e apáticos em meio à na pandemia de coronavírus. Dentre os não usuários, 25% não indicam variações emocionais semelhantes. O índice reforça os impactos nocivos das redes sociais na saúde mental no ano em que a covid-19 mexeu com as rotinas numa escala planetária.

Para confirmar o fenômeno, reportagem analisou 1.486 publicações do Twitter e encontrou em 145 publicações palavras correlacionadas à melancolia e apatia, a exemplo de “chorar”, “depressão”, “mal”, “medo”, “odiar”, “raiva”, “paranoia” e “preocupar”. O número representa 10% dos tweets selecionados, o que sugere haver presença preocupante de sentimentos de negatividade e angústia nas redes sociais.

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Paralelo a essa tendência, as palavras relacionadas a “amor” foram das mais presentes nos tweets analisados, sendo repetidas 122 vezes, número quatro vezes maior que a palavra “ódio”, por exemplo. A oposição “amorosa” parece reforçar uma certa estafa coletiva do chamado “clima tóxico” das redes, o que não diminui os impactos de parte dos produtos da web no estado psicológico dos usuários.

Estudo da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com 267 adolescentes, constatou que, desde o início da quarentena, 68% dos entrevistados sofreram com o aumento de ansiedade, irritabilidade e outros transtornos do humor. Dois motivos teriam colaborado para esse quadro: a quebra da rotina e o distanciamento das redes de afeto. Uma solução encontrada para amenizar a diminuição de contatos presenciais foi o aumento nos contatos virtuais. A empresa de pesquisas de mercado Kantar apontou um crescimento de 40% de uso das redes sociais desde o início do ano de 2020.

O mecanismo de compensação pode ter cumprido sua função de forma satisfatória no início do distanciamento social, mas o quadro mudou com o passar dos meses. “Descobrimos que o uso da mídia social foi recompensador até certo ponto, pois fornecia suporte emocional, de colegas e informativo sobre assuntos de saúde relacionados à Covid-19”, afirmou o professor de jornalismo da Penn State, nos Estados Unidos. Bu Zhong é autor de estudo sobre os sentimentos causados pelas redes sociais durante a pandemia em pessoas de Wuhan, cidade chinesa apontada como epicentro da pandemia, e defende que as redes afetam o emocional.

“O uso excessivo da mídia social levou a problemas de saúde mental”, afirma Bu Zhong.

JOVENS À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS

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Sentimento de cansaço e melancolia é a realidade de 49% dos entrevistados em pesquisa de estudantes de Jornalismo da UFPR. Outros 33% informam que mantêm a esperança e otimismo

Por Jessica Rafaella e Munira Bark

Pesquisa realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) aborda as alterações no cotidiano causadas pela pandemia do Coronavírus. Levantamento aborda temas como trabalho em casa, lazer, relações familiares e saúde mental. Dentre os resultados, chama atenção o indicativo de que a longa quarentena de 2020-2021 deixou os jovens mais propensos a desenvolver sentimentos de melancolia. Os dados foram coletados por meio de formulário eletrônico, entre os dias 9 e 14 de março deste ano, junto a 277 moradores de Curitiba (PR) e Região Metropolitana.

A maioria dos entrevistados é formada por mulheres (75%) e jovens dos 17 a 21 anos (44%), sendo, desse total, 41% com ensino superior incompleto e 20% com ensino médio completo. Os dados apontam que a pandemia alterou em profundidade o dia a dia de 53% das pessoas; paralelo, 44% informam ter sofrido alterações razoáveis. O home office faz parte dessa mudança: 70% dos consultados adaptaram suas casas, que passaram a ser também escritórios, ateliês ou salas de aula (leia reportagem nesta página).

O levantamento aponta que 33% dos consultados desenvolveram algum grau de insatisfação com a família durante a quarentena. Na mesma porcentagem, 33%, outro grupo apontou que a pandemia melhorou as relações familiares. Para 32%, a relação continua a mesma. Em comparação, 47% afirmaram que a pandemia acentuou desavenças; 40% disseram que reafirmaram os laços de afeto familiar; 12% admitiram que as dificuldades ou facilidades de convivência durante a pandemia ocorreram numa situação de exceção e não devem se repetir em situações ditas normais. De qualquer modo, família e quarentena se tornaram questões paralelas.

Por fim, há hábitos que as pessoas gostariam de continuar utilizando pós pandemia, 55% optaram pela higienização de embalagens. 52% preferem a utilização de máscaras em locais com aglomeração, 48% pelo home office, 32% o cultivo da vida doméstica e 24% para a implantação de aulas remotas ou modelo híbrido de educação.

Como se previa, com base em levantamentos anteriores, a pandemia provocou sentimento de cansaço e melancolia (49%), mas muitos dizem manter a esperança e o otimismo (33%); outros, não souberam responder o que a pandemia causou (13%). Desenvolver atividades lúdicas e culturais durante o período de resguardo emerge como uma constante entre os entrevistados. Destacam-se as seguintes opções: assistir a filmes e séries (63%); culinária e redes sociais (44%); leitura (41%); lazer familiar (26%) e dedicação a instrumentos musicais e pintura (19%).

Para a psicóloga Amanda Luiza Stroparo, mestranda em Filosofia da Mente em programa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PU-PR), os resultados demonstram que a mudança e a falta de rotina são um fato difícil de contornar. Todos estão carentes de organização e a junção dos locais de trabalho e lazer só piora a situação. Na opinião de Stroparo, a falta de interação entre os jovens é um dos motivos do agravamento dos sentimentos melancólicos. A fase acadêmica/profissional está em construção e a troca com outras pessoas é muito importante. Atividades de entretenimento que podem ser realizadas em casa são de grande utilidade, uma vez que promovem interações. Quanto mais se recorre a esses artifícios, melhor, diz a especialista. 

MULHERES JOVENS SÃO AS MAIS AFETADAS PELA DEPRESSÃO EM MEIO À PANDEMIA, INDICA PESQUISA

Giulia Michelotto Cordeiro

De acordo com dados do levantamento produzido por estudantes de Jornalismo da UFPR, mulheres jovens foram as mais afetadas por estados de melancolia e depressão durante a pandemia de Covid-19. A informação comprova o resultado de outras pesquisas sobre os impactos do surto de coronavírus no Brasil. Tudo indica que pessoas do sexo feminino formam o grupo que apresentou mais sintomas de ansiedade e depressão a partir de março de 2020.

Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com mais de 44 mil brasileiros, indica que 43% das mulheres entrevistadas afirmaram se sentir deprimidas muitas vezes ao longo da pandemia. Além disso, para 67% das entrevistadas, o trabalho doméstico aumentou. “O isolamento social fez com que as mulheres tivessem que reorganizar suas rotinas, resultando em uma estafa mental e física representada pelo excesso de atribuições”, escreveu a pesquisadora Márcia Maria Fernandes de Oliveira, da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), no artigo O isolamento social imposto pelo Covid-19, a jornada diária de mulheres e a utilização das tecnologias.

Relatório recente da ONU sobre as mulheres confirma que o isolamento social contribuiu para o aumento dos índices de agressões e feminicídios. Some-se a esse quadro os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que revelou existirem mais mulheres fora do mercado de trabalho do que dentro, sendo o maior recuo de empregabilidade feminina em 30 anos, o que indica maior fragilidade financeira e emocional desse grupo social.

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EDUCAÇÃO

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DEVER DE CASA, ATÉ QUANDO?

Pesquisa indica que 70,5% das pessoas adaptaram suas casas para o home office. Saiba como tem sido a experiência de três profissionais da escola pública que tiveram suas vidas alteradas pelo trabalho remoto

 

Por Isabella Honório, Marina Chioca Anater, Thiago Fedacz Anastacio

A chegada da pandemia de Coronavírus em março de 2020 causou mudanças drásticas nas vidas de muitos trabalhadores, que viram seu tempo e o espaço de descanso serem invadidos pelas rotinas empregatícias. Pesquisa realizada por estudantes do curso de jornalismo da UFPR mostra que 70,5% dos entrevistados adaptaram o ambiente doméstico para o home office. Para os professores Colégio Estadual Lucy Requião de Melo e Silva, em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), ouvidos pela reportagem, problemas como cansaço e frustração se intensificaram no novo ambiente de trabalho: o lar.

Dar “visto” nos cadernos, ir de mesa em mesa para conferir as atividades e até mesmo atender o pedido dos alunos para apagar a lousa, entre outros expedientes, já não fazem mais parte da rotina dos professores do “Lucy”. Com o início da pandemia, os professores tiveram que usar os seus gizes brancos uma última vez. Depois disso, o ensino a distância e o home office assumiram o controle do “novo normal”: o apagador se tornou a tecla backspace e o instrumento de escrita passou a ser representado pelo cursor do mouse. O quadro agora é a tela do computador.

Para alguns professores do colégio, a sala de aula ter se transformado na sala de casa foi um processo complicado. As dificuldades passam por entender como funcionam os novos meios, incluindo a ausência de equipamentos e como lidar com os próprios filhos. “Aqui [em casa] moram eu e minha filha de 8 anos e ela também tem aulas on-line. A gente precisou se adaptar, fazer mudanças na nossa rotina. É muito mais difícil trabalhar, cansamos muito mais rápido”, diz a professora de Artes Néri Irene Gonchoroski, 48 anos, há 12 anos no “Lucy Requião”. Ela relata se sentir esgotada ao final do dia. “Chega a dar um negócio ruim. Na minha área é difícil: os alunos me mostram os desenhos e quando olho penso no que poderia ajudar, mas nem sempre há como.”

Outras consequências indesejáveis do home office são o aumento excessivo da jornada de trabalho e a dificuldade de separar ambientes e tempo para o descanso. Os professores vivem essa realidade de maneira significativa, pois o horário delimitado para preparação das aulas e correção de atividades não comporta o crescimento da demanda. Também precisam atender pais e alunos fora período de trabalho. Meios que até então eram de uso pessoal e recreativo, agora se tornam mais uma ferramenta de trabalho.

“Não trazemos mais o serviço pra casa, o serviço está em casa. Há um aumento no volume do planejamento. Dou aulas on-line, corrijo as tarefas on-line e converso com os alunos não só pela plataforma cedida para trabalhar. Faço atendimento a estudantes com necessidades especiais de ensino”, exemplifica o professor de Língua Portuguesa Odair Rodrigues dos Santos Junior, 52. “Ressalto que sou um amante da tecnologia, mas lembro que ela deve servir para nosso relacionamento humano e não para uma forma de híper exploração do trabalho, como tem acontecido”.

REFORMA

Durante muitos anos, professores, funcionários e alunos do “Lucy” aguardavam por uma reforma do colégio. Faltava cor às salas, havia pouco material para as atividades pedagógicas e a quadra de futsal funcionava como uma casa para pombos. Foi só em 2020 que a mudança aconteceu. As salas, porém, agora estão pintadas “para fantasmas”, como dizem por lá. Os materiais esperam, sem perspectiva de futuro, para serem usados; e a quadra de esportes abriga a solidão. As reformas trouxeram alegrias, mas as frustrações vieram juntas. “A gente esperou ano após ano por essa reforma. Houve alunos que saíram da escola na esperança do conserto, mas não aconteceu. E agora, se a gente voltar, a quadra, por exemplo, o aluno nem vai poder usar”, comenta a educadora Néri Irene.

 

DEBATE ACALORADO

O ensino remoto pautava as discussões dos profissionais da educação antes mesmo do fechamento às pressas das escolas. O avanço de tecnologias e plataformas que impulsionam o ensino a distância, o EaD, indicavam a imposição dos chamados modelos híbridos. Mas há um agravamento das dificuldades, causado pela falta de interação presencial entre professores e alunos e a indisponibilidade dos recursos necessários entre muitos estudantes, como computadores e acesso à internet.

“O EaD te coloca em contato com questões novas. O ensino a distância permite pesquisar fora da sala de aula, por exemplo. Mas no momento, alguns aspectos se perderam, como a proximidade e a integração do conhecimento entre todos. Acredito que o presencial, juntamente com o EaD, será o novo formato. Pessoalmente, prefiro o presencial. Mas um presencial com todos os recursos necessários para trazer à sala de aula o mundo exterior, tendo o professor como mediador. Não adianta ter muita tecnologia se o aluno não souber como tirar proveito disso”, observa a pedagoga do Colégio Lucy Requião, Cristina Guzik de Lima, 47 anos.

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CARTAS

COMPORTAMENTO

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SAÚDE MENTAL EM MEIO À PANDEMIA

Pesquisa levantada pelos estudantes de jornalismo da UFPR expõe o aumento de prática de hobbies durante o período melancólico do isolamento social 

Por Carolina Genez, Luisa Mattos e Paula Bulka

“É como se fosse uma terapia mesmo”. É assim que a estudante de Publicidade e Propaganda da UFPR, Laura Queiroz, 20 anos, define os hobbies artísticos praticados durante a pandemia. Ela se alinha aos mais de 40% dos entrevistados da pesquisa dos estudantes de Jornalismo da UFPR, que pesquisa mudanças no cotidiano durante a pandemia de Coronavírus. Os jovens, em particular encontraram em atividades como culinária e leitura uma forma de lidar com o isolamento social e canalizar seus sentimentos, trazendo uma sensação de reconforto. As artes e outras atividades lúdicas foram apontadas como elementos para a melhora do estado mental, principalmente em períodos de tormento e sofrimento.

A pesquisa sinaliza uma realidade alarmante: quase 50% dos respondentes se identificam com a frase: “A pandemia causou em mim cansaço profundo e/ou sentimento de melancolia”. Segundo a psicóloga clínica Thaynara Rodrigues, 36, o número de jovens à procura do seu atendimento aumentou exponencialmente no último ano. A resposta para lidar com a melancolia decorrente do isolamento pode estar na arte.

“[Na quarentena] eu tenho feito arte digital, desenho, toco violão, canto, componho música também, escrevo…”, complementa a estudante. Esses hábitos, além de prazerosos, diz Laura, têm beneficiado sua saúde mental durante a pandemia: “Sempre traz um impacto muito positivo, primeiro porque preenche meu tempo, segundo porque vou aprimorando as minhas habilidades e tal; e terceiro porque é a forma que encontro de canalizar os meus sentimentos e angústias, a melancolia e os sentimentos negativos”.

De acordo com a psicóloga, a prática de atividades artísticas pode manter o indivíduo saudável mentalmente no período de isolamento social. Através da liberação de uma substância conhecida como serotonina, a execução de novos hobbies implica em melhorias no ânimo e no autoconhecimento dos pacientes. “As práticas de comportamentos novos ou existentes fazem com que o indivíduo analise seus pensamentos, comportamento e sentimentos. A prática de algo que nunca fez pode mostrar uma perspectiva diferente e atraente para o indivíduo, ajudando na liberação de serotonina, substância responsável por nosso humor.”

A estudante de Engenharia de Controle e automação, Lorena Zynger Capaverde, 19, encontrou na arte uma maneira de conectar seu estímulo mental à renda financeira. De uma motivação pessoal, somada a incentivos de familiares e amigos, a estudante decidiu levar seus dons artísticos adiante, abrindo, durante o isolamento social, a “Locapaver”, uma loja virtual de cartões e pinturas. Apesar do retorno financeiro, para Lorena, o maior estímulo vem da produção das artes: “O que realmente motiva é estar fazendo algo pro outro que o outro vai gostar de verdade, algo feito por mim. Com toda certeza, me motiva muito.”

Em tempo: não é de hoje que a arteterapia tem se mostrado um elemento fundamental para a melhora de quadros psíquicos e psiquiátricos: no século 20, a médica brasileira Nise da Silveira revolucionou, através da arte, o cenário do tratamento de doenças mentais. Telas brancas e pincéis se tornaram instrumentos utilizados pela psiquiatra para o desenvolvimento cognitivo e expressão de pacientes esquizofrênicos. As composições da Laura e as aquarelas da Lorena não são receitas prontas de como lidar bem com o isolamento social, mas são importantes exemplos de como a arte é um instrumento historicamente válido de sobrevivência às angústias e conflitos internos.

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MINHA NOVA INFÂNCIA

Com escolas fechadas e isoladas do convívio com os amigos, como estão as crianças após um ano de pandemia?

Por Emerson Araújo e Jully Ana Mendes

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Lucca, 5 anos

“Eu acho chato porque eu quero visitar o Marcinho e não tem... por isso que eu acho chato essa covid”

 

A fala de Lucca, 5 anos, em que fala sobre o impedimento de visitar o primo é o retrato das crianças na pandemia. O que era costumeiro, como ir na casa dos parentes, agora não é mais permitido. Os dados levantados apontaram que 42% das pessoas sofreram alterações na rotina durante a pandemia. A seguir, veremos como essas variâncias afetaram um importante grupo da sociedade: as crianças.

Por meio de pesquisas, foi constatado que a ansiedade provocada por esse período de estresse pode causar alterações no apetite infantil tanto para mais quanto para menos. Um levantamento realizado na província chinesa de Xianxim com 320 crianças e adolescentes revelou que 18% das crianças estavam com falta de apetite, o que causou preocupação nos pais. Por outro lado, o fantasma da obesidade infantil também assombra certas casas, visto que, além de mudanças na alimentação, há também transformações na forma que se movimentam, visto que agora passam muito mais tempo dentro de casa. Conversamos com a pediatra Mauren Carla Ramajo Corvello Teixeira que acredita que o preparo dos alimentos saudáveis deve ser feito de maneira divertida, a fim de despertar na criança o interesse por esse tipo de alimentação, explorando a importância dessa de forma lúdica e dinâmica.

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Michelle Travassos, mãe, 38 anos

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Maria Eduarda Travassos, 9 anos, comendo uma coxinha.

Foto: Michelle Travassos

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Melissa Dias Brugnerotto, 4 anos

Melissa não é uma exceção à regra. Durante o isolamento o uso da internet na rotina das crianças cresceu exponencialmente durante a pandemia. Além das atividades escolares, que agora ocorrem de forma online, o meio é também utilizado como forma de lazer e de interações sociais (seja com os amigos ou com familiares que não moram junto). A presidente da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), Dra. Luciana Rodrigues Silva, destaca que se redobre o cuidado com o tempo de exposição às telas. Para ela, é necessário que se delimite um tempo para cada uma das áreas da vida infantil: afetividade, escola e outras atividades funcionais, lazer, convivência familiar e saúde.

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Melissa Dias Brugnerotto,4 anos, mexendo no celular.

Foto: Ana Cristina Bertão

Longe das salas de aula, a falta de interação com os coleguinhas, a dificuldade de focar num ambiente cheio de distrações. No caso do Lucca, as aulas ocorrem por meio de vídeos já gravados e postados no YouTube, ou seja, o contato com os amigos de classe não ocorre nem por videochamada. Sobre isso, Drª Mauren afirma que é fundamental que os pais dediquem momentos diários em realizar atividades com seus filhos. Para ela, a aquisição de um animal de estimação é uma boa opção de diversão e companhia, além de ser uma maneira de desenvolver noções de responsabilidade.

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Lucca Leitão, 5 anos.
e Lucilene Bandeira, mãe, 44 anos.

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Lucca Leitão, 5 anos, com a atividade da escola.

Foto: Lucilene Bandeira

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Lucca, 5 anos

Publicado pelo NCPI (Núcleo Ciência Pela Infância), o documento "Repercussões da Pandemia de Covid-19 no Desenvolvimento Infantil" reuniu dados levantados em países como Brasil e China, o artigo aponta que a pandemia provocou em 21% das crianças problemas relacionados ao sono. Um motivo pra isso pode ser todo o contexto estressante em que estamos, muita exposição às telas, muito medo, entre outros. A preguiça que toma conta das crianças logo de manhã cedo tem sido cada vez mais frequente na pandemia o que é muito preocupante visto que o pouco tempo de sono pode afetar o crescimento da criança, seu desenvolvimento intelectual e na sua reposição de energia. Nesse caso, a solução seria estabelecer uma rotina de sono para o bom desenvolvimento da criança. Disciplina permite que a criança se sinta segura. A higiene do sono, conjunto de hábitos diários que auxiliam a um sono reparador, deve ser reforçada. Dependendo da faixa etária, contar histórias serve para criar uma forma de comunicação lúdica com a criança, além de incentivar a criatividade e a leitura.

Ainda não é certo que a pandemia está chegando ao fim, portanto conter os malefícios que esse período pode causar na vida das crianças ainda se faz necessário. No geral, adotar as medidas apresentadas já fazem a maior diferença: manter uma rotina de atividades diárias, com momentos bem delimitados para cada uma. Sempre priorizar uma boa comunicação com a criança a fim de aliviar seus medos e angústias. Além disso, para Drª Mauren, um estímulo a religiosidade, a espiritualidade e a prática de meditar também pode acarretar em benesses para o bem-estar infantil nessa fase.

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Lucca Leitão, 5 anos, brincando de amarelinha. 

Foto: Lucilene Bandeira

LENIR, LINDAMIR E MARGARIDA, UM BAILE NA PANDEMIA 

Idosas da Região Metropolitana de Curitiba falam de suas estratégias para vencer a solidão e a depressão em tempos de isolamento social

Por Adrielly Lima Guterres

Antes da pandemia de coronavírus explodir em número de casos, em março de 2020, a aposentada Lenir da Silva Lima, 73 anos, costumava sair aos fins de semana com as amigas, para dançar num bailão. Durante o isolamento social, teve de  mudar os planos. Em vez de forrós, boleros e sambas, agora usa o tempo livre para cuidar da horta, plantada numa pequena faixa de terra do quintal. No minifúndio da Lenir, tem de tudo: morangos, pés de maracujá, laranja, mamão, uma bananeira, além de verduras como chuchu, pepino, alface, pimentão… tudo cultivado cuidado por ela.

É de consenso entre os especialistas em saúde mental que o contato com o solo ajuda a aliviar tensões. Os benefícios são evidentes e colaboram para recarregar a energia. Plantar, afinal, permite contato com as árvores, sol, ar fresco - uma espécie de remédio sem receita para os 21% da população da capital paranaense e região enquadrada na categoria “idosa”.

A dona de casa Margarida Nunes dos Santos, 61, também reage à pandemia: usa seu  tempo de lazer para cuidar do endereço onde mora. É uma espécie de descanso domiciliar. Para Margarida, o isolamento não alterou muito a rotina doméstica, mas ela passou a olhar para sua residência com mais atenção. Repara em detalhes que antes lhe passavam despercebidos. “Sinto falta de tomar chimarrão com meus amigos e passar um tempo mais próximo a eles”, acrescenta. A falta de contato presencial é compensada com videochamadas, opção para “matar a saudade” de amigos e familiares.

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A videochamada se tornou importante para as relações sociais durante o período de isolamento, em particular para idosos. É uma forma de se conectar, o que traz conforto para os mais energéticos, para que não desenvolvam algum transtorno mental. Na mesma toada, assistir a programas de televisão se tornou um hábito corriqueiro durante a pandemia. Nesse período, as redes de streaming ganharam 20% de assinantes. Lindamir Santana Andrade, 65, costumava se reunir com as amigas aos fins de tarde para conversar e tomar café, mas essa atividade foi interrompida com o decreto de isolamento social.

Atualmente, ela passa a maior parte de seu tempo vendo programas de televisão. Também dedica um tempo a mais a seus animais de estimação: “Moro sozinha, os bichos me fazem companhia”, diz.

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